Poucas residências são projetadas visando o deslocamento e uso do espaço por pessoas deficientes, mesmo já existindo parâmetros que indicam como construir um imóvel que atenda a todas as pessoas.
Conceito
- Na década de 1990, nos EUA, arquitetos da Universidade da Carolina do Norte desenvolveram um conceito chamado Desenho Universal, que orienta a projeção de casas capazes de abrigar qualquer morador sem necessidade de adaptação;
- Além do desenho universal, as regras de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos também estão descritas na norma NBR 9050;
- Uma casa acessível não serve apenas a cadeirantes e pessoas portadoras de deficiência. Todos nós, ao longo da vida, podemos encontrar situações nas quais ambientes com itens de acessibilidade nos auxiliariam, por exemplo, quando alguém sofre uma fratura ou torção, durante a gestação dos filhos, quando ficamos idosos e, é claro, quando por algum motivo adquirimos uma deficiência.
Ajuste
- Adaptar uma casa cujo projeto não foi feito com base no desenho universal demanda uma reforma de grande porte;
- Por exemplo, no banheiro, para que a norma seja seguida, terá que haver um diâmetro livre interno de 1,5 m, a instalação de barras de apoio, de assento no Box, e bacia sanitária com altura de 0,43 m;
- Em novas construções, no entanto, as mudanças podem ser uma vantagem;
- Mudanças nos parâmetros das construções residenciais trazem grandes vantagens e nem sempre há custos adicionais no projeto, inclusive alguns itens não têm custo algum;
- Fazer previsões para futuras adaptações não representa necessariamente um custo maior no preço da moradia, pois é investimento na capacidade do ambiente em se adaptar às necessidades do usuário e não em projetos especiais.
Itens que tornam uma casa acessível
Pisos e tapetes
- O piso de uma residência na qual se busca acessibilidade deve ser escolhido com cuidado. O correto é que no banheiro, cozinha, lavanderia e nos ambientes externos ele seja antiderrapante e antideslizante;
- Pisos com alto contraste delimitam área e desníveis, o que facilita a circulação de pessoas com visão reduzida;
- A colocação de piso de madeira laminado ou carpete de pelo baixo com base dupla evita a formação de dobras e facilita o uso de cadeira de rodas. Os tapetes devem ser evitados, mas em caso de uso não deixe de fixar as bordas firmemente ao piso e a felpa deve ter no máximo seis milímetros.
Portas e janelas
- As portas de todos os ambientes da casa precisam ter vão de no mínimo 82 centímetros;
- As regras para a instalação de janelas orientam que a altura do peitoril deve ser de 80 centímetros, o que possibilita um maior alcance visual. Os trincos precisam ser do tipo alavanca.
Cozinha
- Uma das especificações para a cozinha é que a altura livre da pia seja de 73 centímetros e o tampo dela esteja posicionado a 65 centímetros de profundidade. Isso permite o encaixe da cadeira de rodas. E, assim como os trincos das janelas, as torneiras devem ser de alavancas.
Interruptores e tomadas
- Não podem ser esquecidos. Eles precisam ser iluminados, para serem vistos no escuro, e instalados entre 40 centímetros e um metro do chão. No geral, as tomadas ficam a 30 centímetros do solo e os interruptores, a 1,10 m.
Móveis
- Na hora de escolher os móveis, procure aqueles com cantos arredondados e prefira os pesados e firmes, pois podem servir de apoio sem sair do lugar;
- Ao decorar os ambientes de sua casa, pense sempre em deixar áreas de circulação com diâmetro de 1,2 m, pois este espaço permite um giro de 180 graus.
Fontes: Arquiteto Haroldo Borille, membro do conselho de acessibilidade do CREA-SP (Conselho Regional Engenharia e Arquitetura); Arquiteta Sandra Perilo, presidente do Instituto Brasil Acessível.