Imóveis que não têm a instalação elétrica dimensionada para atender a quantidade e perfil dos eletrodomésticos e eletrônicos que uma família costuma ter em casa hoje em dia são um problema comum.
Características do problema
- A falta de adequação da rede elétrica acontece tanto em imóveis novos como antigos;
- Os moradores apenas se dão conta disso justamente quando o disjuntor começa a desarmar. Esse desarme acontece com mais frequência durante o inverno porque os aparelhos usados para controle térmico demandam mais corrente elétrica;
- As pessoas precisam entender que a queda do disjuntor não é o problema e sim a medida de segurança acionada automaticamente pela instalação elétrica quando há risco na rede. Por isso, não se deve apenas trocar o disjuntor por um de maior valor nominal para evitar os desarmes. Se você apenas troca o disjuntor e mantém a fiação, os fios começam a esquentar e o disjuntor não vai avisar sobre o risco de curto-circuito e incêndio;
- O primeiro passo para evitar a sobrecarga da rede elétrica é evitar o uso de benjamins e extensões para suprir a falta de tomadas no ambiente. Além disso, é preciso que os moradores adquiram aparelhos que tenham consumo de energia e intensidade de corrente elétrica compatível com o dimensionamento de sua residência.
Entenda o disjuntor
- O próprio quadro de disjuntores de uma residência deve conter informações essenciais sobre a instalação elétrica da casa, cada disjuntor corresponde a um circuito da residência;
- O valor nominal do equipamento significa qual a intensidade máxima de corrente que aquele circuito é capaz de suportar. O ideal é que no quadro exista uma sinalização indicando qual ambiente da casa é controlado por aquele disjuntor;
- Quanto menos disjuntores no quadro, mais chances de a residência apresentar incompatibilidade entre a quantidade de aparelhos elétricos e a capacidade da instalação;
- O conjunto de aparelhos ligados a tomadas controladas por um disjuntor com valor nominal de 20 A (ampères) não deve ultrapassar 15 A para que o circuito esteja seguro;
- A intensidade da corrente, simbolizada pelo A, do aparelho pode ser calculada dividindo-se o número de watts pela voltagem da residência.
Exemplo
Um chuveiro de 4500 watts ligado em uma rede de 220 volts vai gerar uma corrente de 20,45 A. Caso o disjuntor do circuito do chuveiro tenha, por exemplo, valor nominal de 20 A, haverá risco de ocorrer sobrecarga.
- Caso você pretenda trocar o chuveiro, ou qualquer aparelho, por um mais potente para enfrentar o inverno, precisa saber se os watts do novo equipamento são compatíveis com os ampères do disjuntor da tomada no qual será ligado, caso contrário haverá o desarme;
- Para evitar a sobrecarga da rede, é preciso sempre comprar aparelhos compatíveis com o disjuntor ou então contratar um profissional para refazer o dimensionamento da rede elétrica de maneira que a capacidade dela fique maior.
Como saber a capacidade da instalação?
- Para quem adquire um imóvel novo, as informações sobre a capacidade da instalação elétrica em cada ambiente da residência devem estar descritas no manual de uso entregue pelas construtoras aos proprietários;
- Nos demais casos, o ideal é que se consulte um técnico em eletricidade ou engenheiro eletricista para que ele indique a capacidade da rede elétrica da casa;
- Equipamentos de maior potência precisam ter um circuito elétrico exclusivo para eles, sem que outros aparelhos estejam ligados à mesma fiação de transporte de eletricidade. Este é o caso, por exemplo:
- Da geladeira;
- Chuveiro;
- Ar-condicionado;
- Lavadoras e secadoras de roupas;
- Máquinas de lavar louças;
- Micro-ondas;
- Aquecedor;
- No caso de aquecedores portáteis de baixa potência, em média 1800 Watts, é possível que eles sejam ligados em tomadas comuns.
- A capacidade e a quantidade de aparelhos ligados em um ambiente podem fazer com que ao acionar o aquecedor na sala, por exemplo, ele provoque o desarme do disjuntor, enquanto no quarto o funcionamento ocorra sem problemas;
- Os consumidores devem passar a dar preferência aos equipamentos classificados como A pelo selo de eficiência energética do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, Procel, pois quando um aparelho tem índice C significa que ele consome mais energia para ter o mesmo desempenho que um classificado como A, e se consome mais está deslocando mais carga na fiação.
Fontes: Engenheiro eletricista e professor da UTFPR Paulo Walenia; Valter Vanderlei Teixeira, instrutor do Senai; Diretor de operações da AES Eletropaulo, Otavio Grilo.