Inspiração poética e agrado aos olhos, as flores são muito usadas na decoração de ambientes, mas podem representar mais do que cores e adornos. Na cultura oriental, elas têm um sentido mais amplo, pois expressam sentimentos e recuperam a paz interior.
O ikebana, em português “flores vivas”, é uma arte que desenvolve o arranjo de flores, ramos e galhos naturais como exercício espiritual. A arte confere beleza e harmonia espiritual aos espaços e desde o seu surgimento tem crescido e ganhado importância no mundo.
História do ikebana
- O ikebana surgiu na Índia no período antes de Cristo. Inicialmente como prática de cunho religioso, as flores naturais eram colocadas no altar e oferecidas a Buda. Quando chegou ao Japão, no século 7, o ikebana agregou valor estético e passou a ser apreciado nas festas da nobreza. Foi no Japão que a atividade cresceu e foi fundada a escola de Ikenobo, considerada a mais antiga e tradicional escola de ikebana;
- A beleza plástica e o lado filosófico atraem cada vez mais o interesse da arquitetura e da decoração pelo ikebana;
- Além disso, o arranjo japonês dura mais que os comuns vendidos em floriculturas. Técnicas milenares preservam e evitam o apodrecimento.
Essência do ikebana
- Com a disseminação do ikebana, outras escolas surgiram junto com estilos e formatos diferentes. Apesar da diversidade, os elementos básicos da confecção do arranjo floral são os mesmos: galhos, flores, folhas, um vaso e um kenzan, suporte de chumbo com pequenos pregos que fica dentro do vaso para sustentar a planta;
- O ikebana preza pela elevação do sentimento humano e pelo respeito à harmonia da combinação de cores, formas e movimentos. A essência do ikebana está na interação entre homem e natureza e na vitalidade do arranjo, contribuindo também para o equilíbrio nas relações entre os homens e do homem consigo mesmo.
Escolas de ikebana
No Japão, existem mais de três mil escolas de ikebana. Desde que chegou ao Brasil, em 1931, o ikebana se expandiu e hoje há quatorze escolas da arte floral. Aqui se encontram filiais das principais escolas:
- Ikenobo – O nome vem da família Ikenobo, que criou no século XIV a mais antiga tradição do ikebana. A escola que surgiu na cidade japonesa de Quioto atravessou gerações e espalhou-se pelo mundo. Ikenobo vê no botão da flor a energia da vida que aponta na direção do futuro;
- Ohara – Dissidente da Ikenobo, a escola de ikebana Ohara foi fundada em 1897 com uma proposta menos rígida. Com a abertura dos portos do Japão ao exterior, flores ocidentais entraram em território japonês e foram introduzidas às técnicas do estilo Ohara;
- Sogetsu – É a escola mais nova. Nasceu em 1907 e parte do princípio de que qualquer flor, ambiente e objeto podem ser utilizados. Ao ver o arranjo floral como uma escultura contemporânea, o estilo mescla ikebana e artes plásticas;
- Sanguetsu – A escola é uma das heranças do japonês Mokiti Okada. Antes de morrer, difundiu o estilo de ikebana Sanguetsu baseado na filosofia de construção de um mundo espiritual evoluído, o paraíso terrestre. No Brasil, a Fundação Mokiti Okada segue as diretrizes do patrono e promove cursos e atividades pelo país.
Formas de ikebana
- Moribana – A tradução literal desse tipo de ikebana é “flores empilhadas”. Logo, empilham-se flores e galhos que expressam a natureza de maneira realista. Criada pela escola Ohara, o formato Moribana estreou o uso do kenzan, suporte da flor dentro do vaso;
- Shoka – Assim como o Moribana, os galhos no formato Shoka têm funções preestabelecidas que formam um triângulo. O Shoka faz parte da escola Ikenobo e explora o vigor e a versatilidade das plantas, quase sempre em forma de meia-lua;
- Nagueire – Também da escola Ikenobo, a base do Nagueire é o arranjo de galhos e flores em vasos fundos, jarras ou potes alongados. O diferencial do formato Nagueire é harmonizar plantas e vaso;
- Rikka – O formato Rikka remonta à origem religiosa do ikebana, arranjo simétrico ofertado aos deuses. No Rikka, os galhos saem do vaso recriando o conjunto da paisagem.
Faça um ikebana
Esse é um manual prático de como fazer um ikebana no estilo da escola Sanguetsu.
Fonte: Arquiteto Valderson Souza.