Os micro-organismos possuem papel importante em nossas vidas. Eles podem ser úteis ou nocivos a nós, dependendo de seu tipo e a que se destina. Por exemplo, alguns micro-organismos compõem a flora intestinal e são os responsáveis para que nosso intestino funcione regularmente. Outros podem ser utilizados para a fabricação de alimentos, como queijos e iogurtes.
Como se transmitem os germes
- Aqueles nocivos à saúde humana são, geralmente, chamados de germes e podem ser bactérias, fungos ou vírus. Os germes são os responsáveis por infecções respiratórias e gastrointestinais, por exemplo, e estão presentes nas superfícies em geral, nos alimentos, água, animais, utensílios, objetos de uso pessoal e, principalmente, no ser humano, o maior transmissor de germes, pois está sempre em movimento.
- Desta forma, os micro-organismos podem ser transferidos de pessoa para pessoa ou de uma fonte a uma pessoa, por contato direto ou indireto. A transferência de uma superfície para uma pessoa é o que chamamos de contaminação cruzada, a grande responsável por doenças no mundo.
Mas por que lavar as mãos?
- É importante que não nos tornemos displicentes quando se trata de praticar boa higiene. A lavagem das mãos e a desinfecção das superfícies são sempre importantes para a proteção contra infecções, mas em momentos de maior risco, como durante uma pandemia, essas ações são mais necessárias.
- As mãos são uma das principais vias de contaminação que existem, pois são elas que utilizamos para tocar tudo e todos. Caso as mãos estejam limpas e toquem algo contaminado é o suficiente para que a “cadeia” da transmissão seja iniciada. O contrário também é válido: manipular algo que está limpo com as mãos contaminadas oferece o mesmo risco.
- Isso ocorre porque os micro-organismos nocivos podem sobreviver períodos significativos sobre as superfícies. Portanto, lavar as mãos é a maneira mais importante, para ajudar na redução da disseminação de doenças e transmissão de germes.
- O mais importante é sempre cobrir a boca e o nariz ao espirrar, lavar as mãos logo após e evitar tocar outras pessoas e superfícies de uso público.
Segundo pesquisas, o simples ato de lavar as mãos pode reduzir:
- Doenças diarreicas em 43%;
- Os riscos de aquisição de problema estomacal em 47%;
- Em 16% o risco de infecções respiratórias.
Lavar as mãos tem jeito certo
- Apesar de ser uma ação bastante corriqueira lavar as mãos também requer atenção, principalmente quando se torna um movimento mecânico.
- Para garantir que as mãos fiquem limpas de verdade é preciso seguir alguns passos, certificando-se que a água a ser usada seja tratada.
Este procedimento deve durar entre 15 e 30 segundos para garantir que todas as “dobrinhas” da mão estejam devidamente limpas. Os punhos também devem ser lavados, porém somente após a limpeza das mãos.
Família da limpeza
- Para complementar a limpeza das mãos, dois aliados entram em ação: o sabonete bactericida e o álcool.
- Os sabonetes bactericidas, no princípio, foram desenvolvidos para a utilização dos profissionais da saúde no preparo dos médicos para cirurgias. Mesmo divididos em duas categorias, em barra ou líquido, ambos possuem o mesmo princípio ativo, o triclosan, responsável pela eliminação de 99% dos germes.
- O sabonete em barra, além de ser excelente para a lavagem de mãos pode ser utilizado também para banhos, pois protege a pele contra micro-organismos que causam mau odor. A opção líquida é dez vezes mais eficaz que em barra, pois o líquido não é manipulado, o que dificulta a contaminação.
- O álcool só funciona quando sua concentração alcóolica é de 70%, pois apenas esta porcentagem é capaz de matar bactérias e vírus, incluindo o da gripe A (H1N1) e Covid-19. Para a desinfecção de mãos o mais indicado é o álcool em gel, pois este, além de não ressecar a pele, promove ação mais prolongada de proteção. É uma saída quando não há opção de lavar as mãos. Atenção: para a finalidade de assepsia, o álcool gel deve ter concentração de 70% e deve ser registrado junto à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Limpeza X Desinfecção
- Os cuidados com a higiene não devem se prender somente às mãos ou ao corpo é muito importante manter residências e escritórios limpos e desinfetados. Para tanto, é preciso saber quais as diferenças entre limpeza e desinfecção.
- A limpeza é o processo no qual a sujeira é dissolvida em água e, posteriormente, removida. Seu objetivo é eliminar todo tipo de matérias indesejáveis, como restos de comida, gordura, incrustações e alguns germes presentes nos ambientes, equipamentos e utensílios. Para uma boa limpeza é necessário o uso da água combinada a um detergente que, por meio de reações químicas, elimina a sujidade.
- Já a desinfecção é o método capaz de eliminar a maioria ou a totalidade dos micro-organismos nocivos e tem o intuito de reduzir ao máximo a possibilidade de contaminação e disseminação de doenças. Existem diversos produtos no mercado destinados a esse fim. Para saber quais micro-organismos combatem, leia o rótulo do produto ou consulte o serviço de atendimento ao consumidor do fabricante.
- Ambientes e objetos podem parecer limpos, mas podem estar contaminados. Conhecidos por fomites são substâncias inanimadas ou partículas capazes de transmitir doenças ou de transportar germes nocivos e que se tornam fontes de infecção. Os micro-organismos sobrevivem em fomites por minutos ou horas e são mais comuns em vestuários, tecidos de papel, escova de cabelos e utensílios de alimentação e culinária.
Porém, a atenção deve ser redobrada quando se trata de ambientes públicos, como ônibus, metrô, trem, banheiros, bibliotecas, locais com corrimões, hospitais, pois por serem muito frequentados são mais propícios às contaminações. O telefone celular, tão comum nos dias de hoje, deve ser limpo e desinfetado regularmente, pois o aparelho também é usado em situações quando as mãos não estão devidamente higienizadas.
Conheça os vilões
Campylobacter
- Bactérias responsáveis pela maioria dos casos de diarreia em todo o mundo. O homem e os animais são infectados pela ingestão de produtos animais, água, contato pessoal com outras pessoas e animais. O feto pode ser contaminado durante o parto caso a mãe seja portadora.
Salmonella spp.
- Bactérias que causam infecções sistêmicas, febre tifoide e paratifoidea e gastroenterites. As infecções podem ser assintomáticas, transitórias ou crônicas e as principais fontes de transmissão são alimentos contaminados, como ovos e carne de aves.
Escherichia Coli
- Bactéria que pode causar diarreia, infecção urinária, doença respiratória e pneumonia, presentes nas fezes humanas e de animais. Resultam em contaminação pelo consumo de comida contaminada, leite não pasteurizado, água não tratada e contato com dejetos de animais ou pessoas contaminadas.
Shigella
- Bactéria causadora da doença aguda no intestino delgado, gera diarreia infecciosa, geralmente acompanhada de cólicas, sangue, pôs ou muco. Para que a infecção ocorra é necessário que os germes sejam ingeridos e isso acontece quando as pessoas não lavam as mãos com água e sabão após ir ao banheiro ou trocar fraldas e também em piscinas e lagos com quantidade insuficiente de cloro.
Listeria monocytogenes
- Encontrada na natureza e no trato intestinal dos animais, este micro-organismo pode causar a listeriose, responsável por septicemias e meningites, capaz até de causar abortos. Resistente a temperaturas de refrigeração, sua contaminação está associada a manipulação inadequada dos alimentos.
Staphylococcus aureus
- É adquirida por cortes na pele, contato com doentes e ingestão de alimentos pré-salgados. Ela pode causar foliculite, pneumonia, furúnculo, meningite, infecções urinárias, intoxicação alimentar. Sua transmissão ocorre com a ingestão de um produto ou alimento contendo a enterotoxina estafilocócica, alimentos manipulados por pessoas portadoras da bactéria, secreções de nariz e boca, ferimentos nas mãos, abcessos ou acnes, alimentos de origem animal não cozidos ou não resfriados corretamente, superfícies e equipamentos contaminados.
Vírus Influenza A, B e C
- O tipo A é capaz de infectar diversos animais, incluindo o homem; o B e o C, basicamente, infectam seres humanos. Porém os vírus A e B são capazes de causar epidemias, ao contrário do C que não tem potencial endêmico. Sua transmissão acontece por meio de gotículas eliminadas por tosse ou espirro, penetrando pelas mucosas do nariz, olhos e garganta. Ela também ocorre pela contaminação das mãos com secreções respiratórias, contato direto com outras pessoas (aperto de mãos) ou indireto (tocar em superfícies contaminadas).
Fontes: John Oxford, Presidente do Hygiene Council e professor de Virologia na Barts and the London School of Medicine & Dentistry, em Londres/Inglaterra; Dra. Priscila Ligeiro Ésper, Clínica Geral e Nefrologista da Unifesp; Professor Dr. Eitan Berezin, chefe do departamento de doenças infecciosas pediátricas do Hospital Universitário da Santa Casa em São Paulo/SP.